Soltura de quelônios no Lago Curiquara em Correio do Tapará marca o fim de ciclo da reprodução

De setembro a outubro as tartarugas depositam os ovos na praia da comunidade. Até novembro os filhotes nascem e são transportados para um berçário artificial, feito pelos moradores

Antes do nascimento, os ovos são levados da praia natural para artificial por cinco coletores que atuam como guardiões dos ninhos até que estejam prontos para a soltura na natureza.

Entretanto, para chegar a este período os ribeirinhos enfrentam furtos de invasores atraídos pelos ovos e animais de alto valor comercial. Além dos predadores humanos, os naturais também representam perigo para a reprodução dos quelônios. Este ano, “Devido a um grande mal que afetou o nascimento nós conseguimos menos que o esperado. Algo em torno de 600 filhotes”, explicou o presidente da Associação de Moradores do Correio do Tapará João Mário dos Santos.

Em uma cerimônia emocionante, jovens, adultos e crianças comemoraram a vitória contra os ataques. Ao lado do tanque, exibiram o fruto de muito esforço comunitário coletivo: tracajás e tartarugas nascidos a partir do cuidado de todos que se revezam no monitoramento dos berçários e na alimentação dos filhotes que são bastante conhecidos por todos os moradores. "pela barbinha dela. a tartaruga tem duas, e o tracajá só tem uma " diz Kamila de Sousa de 10 anos sobre a diferenciação das espécies.

Um dos coletores é jovem de Johnacy dos Santos. Ele realiza o trabalho voluntário e afirma que é preciso ter cautela na hora de conduzir os ovos para outro espaço. "Muito cuidado para não virar os ovos de qualquer jeito e tem que chegar aqui e enterrar com a mesma areia" - esclarece.

Um dos maiores desafios para os guardiões voluntários é a falta de apoio governamental nas fiscalizações. Sozinhos realizam o monitoramento da praia e tentam afugentar invasores. Uma árdua tarefa que nem sempre é bem sucedida, porém serve de inspiração para outras comunidades engajadas na defesa do recurso natural, como explica o coordenador da Sapopema, Antônio José Bentes: "A iniciativa deles tem o potencial de ser replicada, porque trabalha com a conservação de uma espécie importante para a nossa região" - finaliza.

Veja fotos: