Internet e segurança digital na Amazônia: webinário lança guias e aprofunda debate sobre conectividade com proteção de dados e monitoramento territorial
/Encontro reuniu organizações indígenas, quilombolas e ribeirinhas do Tapajós para discutir uso seguro da internet, governança comunitária do acesso e tecnologias para vigilância territorial; duas publicações com orientações práticas já estão disponíveis no site da Sapopema
A Sapopema e a FGVces e apoio da União Europeia, realizaram o webinário “Internet e Segurança Digital na Amazônia”, espaço de troca entre lideranças comunitárias e equipes técnicas sobre inclusão digital, proteção de dados e uso de tecnologias no monitoramento territorial. O encontro marcou o lançamento de dois guias práticos: Internet e segurança digital na Amazônia e Monitoramento territorial independente e tecnologias digitais.
O Webinário foi mediado pelo gestor de projeto da FGVCes Eric Macedo. Na abertura, a jornalista e pesquisadora Samela Bonfim situou o paradoxo da região: “A Amazônia está sediando um momento decisivo, mas as comunidades que vivem aqui sofrem com exclusão digital e dificuldade de comunicação.”
Ao apresentar o primeiro guia, ela reforçou a necessidade de cuidados básicos de segurança diante de golpes e fraudes: “É muito importante ter cuidado com links e e-mails que não são confiáveis. Pequenos detalhes — como um endereço estranho ou uma letra trocada — entregam um golpe.”
Samela também defendeu regras comunitárias para o uso da internet, sobretudo para proteger crianças e adolescentes: “A internet vai chegar e os adultos têm responsabilidade sobre o acesso. É possível bloquear conteúdos inadequados e limitar jogos de aposta. Esses acordos precisam ser construídos coletivamente.”
Convidado do webinário, Bruno Amir Vasconcelos (Projeto Saúde e Alegria/Conexão Povos da Floresta) compartilhou aprendizados das instalações de conectividade em territórios do Oeste do Pará: “A internet rompe barreiras geográficas, mas a primeira reflexão é que estamos em território. A tecnologia não pode remodelar nossos modos de vida.”
Ele lembrou que o trabalho começa após a antena estar de pé: “Não se encerra na instalação. É preciso formação, acordos de uso e consciência de que existe um choque cultural. O mais importante é a comunidade dominar a ferramenta e se ocupar do que traz benefício para o território.”
Bruno relatou que a rede parceira já realizou dezenas de instalações em comunidades do Lago Grande, Arapiuns e Tapajós, e destacou a importância de filtros e pactos comunitários: “Os equipamentos vêm com bloqueios para jogos e conteúdo pornográfico, mas tão importante quanto o filtro técnico é a conversa — os acordos locais sobre o que faz sentido acessar.”
O que dizem os guias lançados
Monitoramento territorial independente e tecnologias digitais: orientações sobre GPS, aplicativos, sensoriamento remoto, protocolos de segurança pessoal em campo, uso de drones e fluxos de denúncia ambiental.
As duas publicações foram pensadas como “materiais de consulta” para cursos e oficinas do projeto e para uso aberto por outras iniciativas na bacia do Tapajós. As versões digitais já estão disponíveis no site da Sapopema; versões impressas serão distribuídas nas formações presenciais.
            
            
            