Projeto Floresta + Amazônia:  reuniões setoriais e encontrão na TI Itixi Mitari em Beruri no estado do Amazonas marcam segunda fase da seleção

Etapa compreende uma das fases do processo de aprovação da proposta submetida pela Associação do Povo Indígena Apurinã da Terra Indigena Itixi Mitari - APIATI e Associação das Mulheres Indígenas Trabalhadoras da Terra Grande ao Edital Floresta+Amazônia. Sapopema foi indicada para ser a instituição parceira na execução das ações 

Mais um passo foi dado rumo a consolidação do detalhamento da ideia 216 da Terra Indigena Itixi Mitari no período de 17 a 25 de julho no estado do Amazonas. Neste período, reuniões setoriais e o grande encontro do Povo Apurinã da TI Itixi Mitari foram realizados no baixo rio Purus, nos municípios de Beruri no estado do Amazonas. O objetivo foi construir coletivamente o cronograma de implementação das ações dentro da TI.

Os diálogos foram em torno das ações de fortalecimento da vigilância dos lagos, capacitação e regularização das associações indígenas apurinã que beneficiará aproximadamente 254 famílias, o debate central é retomar a construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), com o objetivo de consolidar as ações de proteção, conservação e uso dos recursos ambientais e da biodiversidade na terra indígena. 

Com a conclusão das reuniões setoriais, foi realizado um encontrão entre os três setores (Terra Vermelha, Joari e Itaboca), que envolveu todas as 11 (onze) aldeias da Terra Indígena Itixi Mitari, nos dias 24 e 25 de julho de 2023, na aldeia Santa Rita. Esse evento contou com a participação de 243 pessoas envolvendo homens, mulheres, jovens, idosos e crianças.  Durante a realização do evento foi lida e assinada por todos os caciques a Carta de Anuência para envio da proposta pela Sapopema, que foi representada pelas pesquisadoras e membros da coordenação, Wandicleia Lopes e Neriane Nascimento.

Na região, a pesca artesanal representa subsistência e é a principal fonte de renda dos indígenas. O rio Purus é historicamente um dos rios do Amazonas mais ricos em pescado, mas nas últimas duas décadas a atividade tem pressionado os recursos pesqueiros, ocasionando uma drástica redução, chegando ao ponto do quase desaparecimento de quelônios (tracajás e tartarugas) e de espécies de peixes (pirarucu e tambaqui).

Esse cenário de sobrepesca afetou especialmente a terra indígena, gerando escassez e impactando a soberania e a segurança alimentar das famílias indígenas. Preocupadas com as invasões que estavam acabando com os recursos naturais da terra indígena, os moradores instituíram em 2014 a vigilância dos lagos para coibir a pesca predatória do pirarucu com incentivo da FUNAI. O que representou um aumento significativo no estoque de pirarucus (2.815% entre 2014 e 2017). 

Com o histórico de assistência técnica para o manejo do pirarucu no baixo Amazonas, a Sapopema foi escolhida pelas organizações para contribuir na implementação da proposta, uma vez que está habilitada ao edital do Projeto Floresta + Amazônia, uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, o qual abriu habilitação de associações de base comunitária, povos indígenas e Organizações Não-Governamentais.   

“Temos uma grande expectativa que essa parceria trará vários benefícios para a Terra Indígena para que nossos parentes sejam beneficiados e principalmente com a garantia do incentivo a autonomia e protagonismo dos povos indígenas” - Rogério Caldas, Associação APIATI.

Para a coordenadora da Sapopema, Wandicleia Lopes, o projeto representa um momento importante para promover ações de conservação e empoderamento de populações tradicionais. “A Sapopema executará ações em uma Unidade de Conservação: a Resex Tapajós Arapiuns no Pará e outra no Amazonas no território indígena do povo Apurinã. Duas atividades que contribuirão para a defesa do ecossistema da Amazônia”, ressalta. 

A estratégia contempla ações para onze aldeias do povo Apurinã, numa parceria entre as Associações indígenas, a Funai e Sapopema. A APIATI é uma entidade criada pelos Apurinã da TI Itixi Mitari com os objetivos de lutar pelos direitos dos povos indígenas; incentivar o trabalho comunitário de forma sustentável; reivindicar ações que melhorem a vida dos comunitários nas comunidades indígenas; promover a formação e qualificação de lideranças indígenas, dentre outros. Ela é responsável por representar a TI juridicamente frente à sociedade não-indígena, elaborando estratégias para defesa dos direitos e interesses da comunidade e fazendo interlocução com órgãos e instituições parceiras.

“Estamos na expectativa de ter esse projeto aprovado que venha nos fortalecer de forma direta e indireta. As demandas das lideranças não são de hoje. Hoje é um sonho quase realizado. Esse projeto vai contribuir de uma forma significativa para os povos” - Rosa Maria - Presidente da Associação das Mulheres Indígenas - AMITTG.

Fotos e vídeo: Vanderson Moraes de Souza Apurinã.